Sem aquele velho chalalá de aceitar o outro como ele é com suas diferenças e limitações. Conviver é muito mais que isso, é aprender. Aprender que quando uma pessoa estiver com problemas de gases ela irá dizer: “preciso soltar um pum”. E todo mundo no carro vai achar aquilo tão espontâneo que vai se rachar de rir. É bem difícil falar isso para alguém que se conhece a pouco tempo, ou pelo menos que não se teve a oportunidade de conviver diretamente.
Uma pessoa com quem convivi mais intensamente durante uma semana me contava que certa vez seu marido e ela haviam saído para jantar com uma amiga. Ele (que chamarei de Aristeu para preservar a sua identidade) não conhecia a tal amiga (que nomearei de Julieta). Durante o jantar as duas conversavam incessantemente e o pobre Aristeu quieto. Sempre ficava assim frente a desconhecidos.
De repente um silêncio sepulcral tomou conta da mesa e a convivência daquelas horas permitiu que Aristeu fosse sincero. Ele apontou para Julieta e sem delongas sentenciou: “você está com um feijão no dente”.
Coisa bonita é essa tal sinceridade que a convivência nos proporciona. É incrível ver as pessoas gritarem “caralho se não te pego, filho da puta!” quando enfim matam aquele mosquito que estava deixando todos irritados.
Conviver é aprender.
Como poderia saber que a pleura é a pelezinha que recobre nossos pulmões? Como saberia detalhes de um procedimento de sonda vesical? E a teoria da Dispersão de Michel Foucault? E você sabe como pular uma cerca para entrar num dos mais movimentados eventos literários do país?
Essas são coisas que só aprendemos assim, conversando, rindo e em meio a tantas outras bobagens. Nossos mestres que nos desculpem, mas as aulas mais chatas nos ensinam muitas coisas, porém a maior parte delas não ficará guardada em nossa memória.
2 comentários:
ahaha seu burro, a teoria é da dispersão!!!
Puta que pariu Léo!!
uaeuhaeuheauea
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