Elevador - Capítulo II

O elevador não estava lá. Podia ver aquele imenso fosso que se apresentava vertiginosamente acima de sua cabeça. Não, aquele não era um dia legal. Resolveu tirar o sapato de salto e subir até seu andar pelas escadas. Não seria um caminho agradável, afinal eram inúmeros degraus até o 15º andar. No caminho pouco utilizado, e reservado apenas para emergências como aquela, encontrou coisas estranhas.

Entre baratas e outros insetos jazia no esquecimento uma meia branca abandonada do 4º andar. Mais acima com o fôlego debilitado e a distância entre os degraus aumentando cada vez mais encontrou um vizinho de um apartamento qualquer que vira poucas vezes. Ele também se embrenhava no esforço de vencer cada andar com o fôlego de quem está acostumado a elevadores, escadas rolantes e muito ar condicionado.

Ele estava com o rosto visivelmente cansado, enrubescido e suado. As espinhas não combinavam com ele. Aparentava ter saído da puberdade já há alguns anos, podia estar enganada.

- Olá – ele disse como que num último suspiro
- Oi – respondeu ela tentando ser simpática naquela situação

Depois de três andares de conversa descobriu que ele se chamava Tiago e morava no apartamento de frente ao seu. Estranho nunca ter prestado atenção nele. Depois de mais alguns andares começou a achá-lo engraçado.

Tiago nunca tinha prestado atenção em Amanda. Não que ela não fosse bonita, apenas nunca a tinha visto tão de perto. As pessoas quando olhadas de perto são muito diferentes. Conversaram mais um pouco enquanto no alto das escadas aparecia a placa que indicava o 15º andar. Riram da situação. Parecia que tinham conquistado o prêmio em alguma maratona.

De frente para as respectivas portas despediram-se. Tiago entrou no número 1502. Amanda colocou a chave na porta do 1501, resolveu girá-la. Não acreditava que aquilo estava acontecendo de novo.

O que estaria acontecendo? Seria mais uma artimanha lazarenta do destino? Alguma coisa poderia salvar o dia de Amanda? Confira no próximo capítulo.

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