Elevador

Hiperbólicos em ação! No ar o primeiro capítulo de Elevador, a nova novela sabe-se-lá de que horas. E sem comerciais!

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Amanda acordou diferente, estranha. Teve vontade de usar sua calça jeans mais justa, uma bem clarinha. Coloriu perigosamente suas maçãs do rosto, lábios e contornou os olhos. Foi para a agência onde trabalhava, ondulando o vento com seus cabelos.

Talvez fossem os genes entrando em ação, alertando que era preciso preservar a espécie. Amanda sentia agora vontade de ter alguém só pra ela. Assistia filmes e desejava ser a mocinha. Ela, que aos 13 anos deu seu primeiro fora, gostou da brincadeira, e a vem praticando há mais de dez anos. Escolhia seus homens a dedo, utilizando critérios compreensíveis apenas para fêmeas da sua espécie: das loiras lindas e inteligentes.

Gilberto era um rapaz quieto e discreto, mas sua mera presença vinha lhe amolecendo as pernas.  Filho de um empresário, o Betinho, como era conhecido, cuidava de uma das oito lojas da família. Óbvio que vivia cercado de loiras siliconadas e rinoplastizadas, mas fazer o que. Amanda bateu o olho na criatura e não teve jeito. Era o seu primeiro amor-platônico. Adolescência tardia, temia.

Só que naquela manhã ela o viu com uma dessas. Uma morena meio loira, com cara de quem comia um grão-de-bico por dia pra não engordar. E com um nariz... Ok, era bonitinha, bem arrumada e rica. Amanda sentiu o impacto. Caíra na realidade. Compreendeu que nem o Betinho, seu modelo de homem ideal, prestava. Era mais um que ficava bobo diante de uma bunda. Por um momento desejou ser a megera das comédias românticas. Desistiu e foi trabalhar, burocraticamente.

Ao meio-dia só queria voltar pra casa e tirar aquela maquiagem. Depois de quase bater o carro três vezes, entrou na garagem do prédio e, surpresa! A sua vaga estava ocupada por um palio vermelho ridículo. Teve vontade de descer e gritar. Estacionou seu carro no corredor, contou até 18, equilibrou-se no salto e rumou para o elevador. Pensou em rir da situação, mas não deu tempo. Tropeçou num saco de lixo. Comoassim um saco de lixo na garagem? O elevador chegou, a luz vermelha acendeu e a porta abriu. Era demais pra ela.

E agora, o que vai acontecer? Mais uma decepção, a recompensa pela manhã de azar ou nenhum dos dois? Descubra no próximo capítulo.

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