Noites Estranhas - Capítulo III

Antes tarde do que mais tarde ;)

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Paula brincou e ensaiou uma volta ao bar. Tarde demais. Ela deu de cara com o tal tiozão.

- Desculpa - pediu sem graça

- Tome cuidado, você pode se machucar, ou me machucar, desse jeito – largou o grandalhão com um tom sarcástico.

Desconcertada, a morena de olhos claros tentou ser simpática e descontrair o climão que ficara entre o trio. Giovani não perdeu a oportunidade e convidou as duas para mais algumas cervejas. Débora queria ir para casa, mas o olhar de Paula gritava o desejo de ficar e descobrir se tudo fora mesmo uma coincidência. A contragosto a amiga ruiva aceitou o convite, afinal já tinha tomado parte da noite com seus problemas amorosos e deveria retribuir a parceria.

De volta ao bar conversaram noite a dentro. Falaram de amenidades, trocaram algumas intimidades permitidas pelo grau de embriaguez, mas ainda assim Paula não criara coragem para esclarecer o bilhete, o homem no carro, o encontro no bar. Giovani mantinha-se firme, não demonstrava ser afetado e deleitava-se com as confidências que Paula e Débora faziam sem perceber.

Débora pediu licença e deslocou-se até o banheiro, não sem antes cutucar discretamente a amiga por debaixo da mesa. Paula sentiu as mãos suarem e o coração disparar, ela deveria aproveitar a oportunidade e esclarecer tudo. Sem pensar muito ela fitou os olhos verdes no seu interlocutor e tascou:

- Sabe? Olho pra você e tenho a impressão de que o conheço de algum lugar? – Droga - pensou ela - comecei errado ele vai sacar facilmente que estou jogando verde para colher maduro.

- Pois é – respondeu ele -, já a vi algumas vezes, bem menos do que gostaria, mas já nos encontramos em algumas oportunidades.

A morena sorriu disfarçadamente, saboreou mais um gole de cerveja (que agora não era a mais barata do local), e balançou a cabeça. Nesse tempo Dé voltou do banheiro e convidou a amiga para irem para casa.

- Estou mal – sussurrou no ouvido da morena.

Vendo a impossibilidade que a ruiva tinha para dirigir se ofereceu para levá-la até em casa. Giovani não perdeu a oportunidade e lançou novo convite:

- Mas depois você irá para casa sozinha? Nada disso – ele mesmo respondeu antes que Paula pudesse pensar -, eu acompanho as duas e depois levo você em segurança.

Paula sentiu medo naquele momento, poderia ou não aceitar, mas como já tinha ido até aquele ponto decidiu seguir em frente e aceitou.

Depois de deixar o carro da parceira na garagem e acomodá-la confortavelmente na cama, ela seguiu para o seu destino.

Entrou no Fusion preto do tiozão, acomodou-se no banco de couro e não pode deixar de perceber a artimanha do benfeitor ao colocar Jack Jhonson no som do carro. Sabia que aquele era um truque de um conquistador barato. Mesmo assim elogiou a escolha.

- É um dos meus preferidos – disse

- Eu sei – respondeu Giovani

A jogada dele poderia ser apenas mais uma tentativa de impressioná-la, porém Paula sentiu um frio na barriga. Algo não estava certo. Sem perceber ele a levava pelo caminho exato de sua casa. Seria mais uma coincidência? Martelava a duvida na cabeça dela. Mas enfim ele perguntou por onde deveriam seguir. Aquilo confortou as emoções da garota.

Após guiá-lo por algumas ruas escuras e esburacadas a morena apontou uma casa simples, porém com ares de aconchego de um verdadeiro lar. Ele estacionou. Olharam-se por alguns segundos e a morena agradeceu a carona. Gentilmente, Giovani sugeriu a troca de telefones, a moça consentiu. Mais alguns segundos de silêncio e ela reafirmou o adiantado da hora e despediu-se.

Giovani aproximou-se para abraçá-la. Colocou a mão no ombro dela e sentiu a pele exposta próximo às alças finas do vestido preto. Pode sentir também a respiração ofegante de Paula. Aproximou-se ainda mais do rosto de feições sutis e não perdeu tempo.

O que teria acontecido? Giovani beijou Paula? Ou teria ele confessado toda a verdade para a jovem? Seria aquilo um seqüestro? Não perca o próximo capítulo de Noites Estranhas.

1 comentários:

Leonardo I disse...

Cotinua mantendo a qualidade!
Parabéns! Espero o próx!