Noites estranhas - IV

Antes muito tarde do que muito mais tarde.

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Giovani definitivamente não era um homem inexperiente, sabia envolver uma mulher. Estava ali, a poucos centímetros de seus lábios, podia sentir seu calor e seu perfume envolvente, mas não a beijou, sequer se aproximou mais.

- Se cuida menina, e se beber na noite, pode chamar o teu táxi.

Paula sorriu e abriu a porta do carro. Giovani esperou ela abrir o portão, depois a porta. Ela já estava no quarto quando ouviu o carro arrancar. Preferiu nem pensar no que acontecera, suas ideias pareciam boiar na cerveja que havia bebido. Quando se deitou, viu o teto girar. Só conseguiu dormir depois de colocar um dos pés no chão.

Acordou de sobressalto, e foi trabalhar saboreando as lembranças do ocorrido há poucas horas. Se sentiu uma louca por ser tão permissiva com as investidas do tal Giovani. De fato, se ele quisesse fazer-lhe algum mal teria feito, pois ela estava sozinha, indefesa e um tanto embriagada. Mas não: afora suas frases de pedreiro conquistador, havia se comportado como um gentleman. As coisas não se encaixavam na cabeça de Paula. Se ele se comportava como se a desejasse, porque não aproveitou a oportunidade? Será que estava tentando descobrir alguma coisa? Seqüestro? Assalto? Pouco provável. O que então? Seria casado? Coisa boa, imaginou, não era. Como fora ingênua em permitir-lhe saber seu telefone e endereço. Por um instante, arrependeu-se.

Por outro lado, não tinha motivos concretos para duvidar do caráter de Giovani. E se ele fosse daqueles que, enquanto jovens, só pensam em enriquecer e, quando se vêem perto dos 40, decidem viver a adolescência perdida? Era uma hipótese considerável. O fato é que esse ser misterioso provavelmente a telefonaria naquele sábado, ela precisava estar preparada, precisava saber o que dizer.

Encontrava-se numa enrascada e, secretamente, essa ideia a excitava. Decidiu que não ia facilitar um novo encontro mas, caso ocorresse, ia ser a vez dela conseguir informações sobre Giovani. Da próxima vez, ia ser como ela quisesse.

Antes do meio-dia, lembrou-se de ligar para Débora, saber como estava. A amiga disse que a cabeça ainda doía, mas que se lembrava muito bem da noite estranha, com gente esquisita, que passaram na véspera. Combinaram de se encontrar no final da tarde para irem juntas ao aniversário de uma terceira amiga. Ia ser uma reuniãozinha simples, no salão de festas do prédio de Priscila.

Quando ambas estavam no quarto de Débora, se arrumando para a tal festinha, o celular de Paula vibrou. No visor, o que mais temia: ele. Decidiu não atender de primeira, depois se arrependeu, enfim. Dé, vendo a perturbação que a situação lhe causava, advertiu: - Essa noite vai ser loooonga! Lembra do Guto, primo da Priscila que você ficou nas férias passadas? Pois é, vai estar na festa e perguntou se você ia.

Como terá sido o desfecho de mais essa noite estranha? Descubra no V capítulo!

1 comentários:

Leonardo I disse...

Capítulo 5, por favor.