Elevador - Terceiro Capítulo

Foi só um sustinho: a chave ameaçou emperrar, mas após recorrer a todos os santos, Amanda foi auxiliada pelas entidades celestiais e a chave girou, a porta abriu. Mal se recompôs e contou seus percalços para Adri e Nanda, suas roomates, e já teve de sair denovo. Precisava chegar cedo na agência, pois marcara com um novo cliente a apresentação de um plano de mídia. Ah, esqueci de falar, Amanda é publicitária. 

Felizmente o elevador funcionou e Amanda chegou na agência sem mais imprevistos. Toda pimpona, pegou suas tabelas, anúncios e vts e esperou o cliente misterioso na sala de reuniões. Quinze minutos depois do combinado, chegou um senhorzinho gordo e grisalho, com cara de vovô simpático. Mas ele não estava sozinho. O comerciante trouxera a filha, Viviane. Era a meio-loira-meio-morena-que-só-come-um-grão-de-bico-por-dia. E com nariz de capivara. O vovozinho até se assustou com as faíscas que saíram na hora em que os olhares delas se cruzaram. 

O vovô aprovou tudo. Vivi, nada. Disse que estava tudo muito caro, que as artes eram de mau-gosto, que era tudo muito comunzinho. Amanda teve certeza que aquela era uma briga pessoal. E sentiu despertado um dos instintos mais primitivos: a disputa de duas fêmeas pelo macho alfa. Isso mesmo, quem aquela tábua tostada pensava que era? Ia roubar dela o Betinho. Era uma questão de horna.

Despachou pai e filha, passou aquele trabalho para um colega e começou a traçar seu plano maligno. Ia ser naquela semana.

Na quinta-feira, escolheu cuidadosamente o que vestir. Primeiro, o sapato. Um scarpin preto cujo salto poderia ser usado como arma. Nas pernas, nada além de óleo de amêndoas Johnson baby. E um vestido vermelho todo comportadinho na frente, sumário atrás. Assim como os índios se pintavam para suas batalhas, Amanda sacou seu arsenal de maquiagem e aprontou-se para a guerra. Definitivamente, estava para o crime. Soltou seus cabelos estilo Grazi Massafera e convocou Adri e Nanda para a acompanharem naquela empreitada.

Depois de passarem pela metade dos bares da cidade, finalmente encontraram Betinho e seus amigos. Quando Amanda, Adri e Nanda entraram, com seus ventos próprios lhes balançando os cabelos, o burburinho daquele bar chegou a silenciar. Era hora do ataque.

E agora? O que fez a nossa insana heroína? Não perca o próximo capítulo.

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