Elevador - Sexto capítulo

Tiago cumprimento o trio. Amanda fez as honras da casa e apresentou o rapaz espinhento às amigas. Dessa vez nada de beijos, apenas um aceno de mão e um “oi” entoado em coro pelas duas. Já era tarde e mesmo assim a loira cedeu um pouco de seu tempo ao rapaz. Adri e Nanda decidiram entrar no apartamento para esperar a companheira.

Sentada no corredor com os pés descalços Amanda interpelou Tiago sobre o que fazia ele aquela hora no corredor do prédio usando apenas pijama. A face dele ficou corada. Ela percebeu que fora inconveniente. Mesmo constrangido ele respondeu com a coragem de quem enfrenta um leão na arena do coliseu.

- Fiquei sem café, e estava criando coragem para bater a sua porta e pedir um pouco emprestado.

Amanda não se conteve e riu da situação, o álcool ainda tinha efeito sobre ela. Afinal era demais para uma cabeça só. Dar um fora no cara que mais havia cobiçado e agora desperdiçar seu tempo com aquele inconveniente (e nunca é demais ressaltar) espinhento.

Ela convidou-o para entrar. Meio desconfiado ele aceitou o convite. Amanda fez o melhor café da vida de Tiago. Sentados em um sofá de almofadas macias em uma sala a meia luz continuaram conversando. As amigas da loira haviam ido dormir. Conversavam baixo para não atrapalhar.

Tiago contou para Amanda da vez em que fora, com um amigo, a uma festa na casa de desconhecidos, bebeu todas, jogou dardos em um alvo, foi a uma danceteria e bebeu mais. Lá ele tentou conquistar garotas das formas mais esdrúxulas de se pensar. Até que enfim utilizou a cantada infalível. Chegou perto de uma conhecida a beijou no rosto e sem cerimônias tascou: Posso fazer uma coisa? E beijou a garota. Em menos de dez minutos estava convidando ela para cuidar dele que estava prestes a vomitar todo o liquido ingerido na noite.

Amanda questionou-se sobre qual instinto seria capaz de fazer um cara se achar no direito de pedir para uma garota cuidar dele sendo que tinham um ‘caso’ há menos de dez minutos. Achou interessante. Talvez ela tivesse feito a mesma coisa com Betinho naquela noite, embriagou-o com suas curvas e deixou que ele vomitasse sozinho na sarjeta cuidado por algum amigo que passasse por lá. Mas Amanda não era uma vadia dessas de rua que tranza em qualquer beco.

A essa altura Tiago já estava na metade de outra história e ela nem sabia sobre o que ele falava. Resolveu oferecer uma bebida quente ao rapaz. Uma bela dose de licor de pitanga (receita familiar). Ele aceitou e os dois brindaram e beberam. A madrugada já se esticava para alcançar a manhã e Tiago viu que deveria ir.

Amanda o acompanhou até a porta e lembrou-se que havia esquecido o celular dentro do carro. Teria de ir até a garagem para buscá-lo, mas tinha medo de circular pelo prédio sozinha e àquela hora. Convidou o espinhento para acompanhá-la.

A luz do elevador acendeu, a porta abriu e eles entraram. Amanda apertou o “SS” para irem até a garagem. Tiago não perdeu a oportunidade e mostrou o dedo do meio à câmera do elevador (sempre vigiada por um ou outro vizinho mala).

A porta abriu novamente e a garagem era escura. Andaram um pouco pelo clarão da luz do elevador até que os sensores de movimento acionaram as fracas luzes da garagem. Estava tudo na penumbra. Amanda foi até o carro e pegou o celular, nele uma chamada não atendida de um número estranho, suspeitou que fosse Betinho. Desconsiderou. Tiago permaneceu segurando o elevador para que pudessem voltar. Subiram até o 15º andar.

Os dois resolveram sair ao mesmo tempo da caixa metálica que sobe e desce. Seus corpos se aproximaram involuntariamente. Amanda sentiu o corpo de Tiago e viu seu rosto novamente ficar vermelho.

Naquela mesma hora o celular desperta e Betinho acorda do outro lado da cidade. Tomou o café-da-manhã às pressas, vestiu seu melhor ternos e os sapatos de pelica italiana, pegou a chave do carro e saiu.


Aonde iria o homem tão cobiçado em um minuto e tão escrotamente rejeitado em outro? Queria ele se vingar? Descubra no próximo capítulo de Elevador.

1 comentários:

Carla disse...

hehehe, ela sentada no corredor de vestido deve ter sido o máximo.